by Gnato |
Quase que se trata dum milagre económico. Ainda há alguns anos eles mal viviam de arroz e legumes e agora é vê-los pelo mundo fora a consumirem à grande e à francesa. O que é bom, claro, afinal alguém terá de ter o poder de compra para nos tirar a todos desta crise.
Como não há bela sem senão, esta não é excepção.
Em primeiro lugar, não nos podemos esquecer que o governo chinês, por mais aberto que seja às vantagens capitalistas, não deixou de ser uma ditadura comunista. A censura, a perseguição política e o genocídio étnico-cultural ainda prevalecem. Uma das suas últimas vítimas foi o artista plástico Ei Wei Wei, conhecido internacionalmente como rebelde crítico do regime, que após a sua detenção, há mais de uma semana, desapareceu sem deixar rasto.
Outra questão é a origem de tanta riqueza. Não só eles nos vencem pelos números, o que é mesmo caso para dizer que são mais que as mães, mas também têm como grandes vantagens a sua mentalidade de sacrifício pela comunidade, a obediência cega, ordenados irrisórios e prisioneiros políticos que efectuam trabalho escravo. Tudo isto lhes permite assim oferecer mão-de-obra a grande escala e a preços ridiculamente baixos, sendo assim a ruína de muitas economias e sectores de mercado estrangeiros.
Agora somemos-lhe uma hierarquia rígida multiplicada por um sistema corrupto, que garante que os lucros sejam só para alguns, e temos então o lado negro do capitalismo em toda a sua glória.
Nada disto é novo, já conhecemos esta história e sabemos até como poderá vir a acabar. E é isto que me assusta, pois em tão curto espaço de tempo a China tem conseguido fazer os mesmos estragos, tanto a nível cultural como ecológico, que nos levaram 200 anos a efectuar! Têm poluído rios, destruído florestas, eliminado fauna e flora a uma velocidade surpreendente e ninguém se preocupa, ninguém faz nada.
Quem é que pode levantar a voz contra a China?
Os Estados Unidos da América estão falidos e totalmente dependentes da sua ajuda financeira, a Europa anda demasiado ocupada a tentar salvar o Euro e necessita, mais do que nunca, dos investimentos chineses. Os outros continentes não têm poder suficiente para se intrometerem e estão, também eles, subjugados pelo dinheiro fácil e de vistas curtas que esta nova super-potência oferece.
Estamos num beco sem saída.
Sempre admirei a a cultura clássica chinesa, magnânima, culta, estética e poderosa. O Maoismo veio pôr um fim a tudo isso trazendo consigo as trevas da ignorância, a perseguição e o conformismo. Aqueles que conhecem os horrores desse período, que teve como auge a dita Revolução Cultural, perguntar-se-ão que futuro trarão estas novas gerações e onde é que o mundo irá parar...
É que, acreditem ou não, este governo proibiu o Dalai Lama de reencarnar...
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